quarta-feira, 11 de abril de 2012


150 Anos do Auto de Fé


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A queima de livros espíritas em Barcelona
 Foi no ano de 1861. O livreiro Maurício Lachâtre, um famoso dicionarista, solicitara ao Codificador a remessa de livros espíritas, porquanto desejava fazer propagar o Espiritismo.
Aproximadamente trezentos livros foram remetidos por Allan Kardec a Lachâtre, que pagou os tributos alfandegários ao governo espanhol. No entanto, o destinatário nunca recebeu os livros, porque o Bispo de Barcelona, Antonio Palau y Termens, sabendo da remessa, considerou as obras perniciosas à fé católica e determinou que fossem confiscadas pelo Santo Ofício.
Em vão, Kardec solicitou a devolução, mas, pelo “entendimento” da apontada autoridade clerical, o governo não podia consentir que eles passassem a perverter a moral e a religião de outros países.
Assim, Kardec perdeu os livros, e os direitos aduaneiros não foram também restituídos a Lachâtre. No entanto, tudo isso favoreceu o crescimento do Espiritismo.
Embora pudesse Kardec reaver o que fora perdido, caso enveredasse pelas vias diplomáticas, segundo o conselho da Espiritualidade era melhor deixar as coisas como estavam, uma vez que a ignomínia constituiria, como de fato ocorreu, excelente propaganda para o Espiritismo.
O bispo de Barcelona, furioso, quis reeditar as façanhas de Torquemada e, como não podia colocar Kardec na fogueira inquisitorial, fez queimar os livros em praça pública. Nesse Auto de Fé, que se realizou no dia 09 de outubro de 1861, às 10h30, na esplanada da cidade de Barcelona, no lugar em que eram executados os criminosos condenados à pena capital, o bispo fez juntar outras obras, além daquelas remetidas pelo Codificador.
No total, foram livros e brochuras de Espiritismo, entre eles: números da Revista Espírita, de O Livro dos EspíritosO Livro dos MédiunsO que é o Espiritismo,Fragmento de Sonata (ditado pelo Espírito de Mozart), Carta de um católico sobre o Espiritismo (pelo Dr. Grand), A História de Joana D’arc (por ela mesma ditada a Mlle. Ermance Dufaux) e A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta (pelo Barão de Guldenstubbé).
Obra de Maurice Lachatre
O ato ignominioso foi contemplado por grande multidão que se aglomerava nos passeios e cobria a esplanada em que se fez a fogueira.
Segundo relato de Henri Sausse – que pode ser visto também nas pesquisas de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen e na obraGrandes Espíritas do Brasil, de Zêus Wantuil –, após o fogo envolver todos os livros, o padre que comandava o ato, revestido de hábitos sacerdotais, e seus ajudantes se retiraram do local sob os apupos e maldições da numerosa plateia, que gritava: “Abaixo a Inquisição!”.
O jornal local, La Corona, protestou em defesa do livre pensamento, além de evidenciar o desapontamento geral.
Entretanto, o referido episódio, realmente, parece ter despertado a atenção de Kardec, até porque, depois desse ato odioso, a Espiritualidade trabalhou para a materialização do livro O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que viria a lume em abril de 1864, completando, dessa forma, a tríade: Filosofia, Ciência e Religião.
  Fonte: Federação Espirita de MS.

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